sábado, 19 de janeiro de 2013

Era uma vez, nunca mais.



Nós estamos aqui tentando adiar o inadiável, balbuciando coisas sem sentido sobre o tempo. Mas o seu café nunca esteve tão frio e a minha coca-cola tão quente. Agora você sorri; mas seu sorriso não chega aos olhos.  Agora eu não te reconheço mais.
Eu juro que tentei dizer “Muito prazer” a sua nova faceta. Mas ela me retribuiu com um olhar desconfiado e mais tapas do que eu posso contar. Porém, continuei sussurrando um não desista, correndo atrás de algo que não existe mais, pedindo mais tempo a um ponteiro invisível. Das duas, uma: Ou meia-noite chegou ou você não é a Cinderela que eu pensei que fosse.
No caso de erro, também há uma terceira possibilidade: Eu também não sou quem eu pensei que era.
Estamos quites então.
Lutamos e lutamos; você, com seu olhar inocente e ao mesmo tempo cortante, eu, com meus milhões de defeitos tentando fazer o que é certo. Ambos perdemos. Tudo o que ficou foi a sensação de vazio. Engraçado porque um dia eu olhei pra você e pensei: “Eu ainda vou casar com ela”. Agora tudo o que resta de nós é só um ponto final.
Porque, de reticências em reticências, toda história tem um fim... Três pontinhos, um dia ou outro, vira ponto final. Nós viramos um ponto final.
Então eu dou início ao nosso desfecho. Você me interrompe, porque acha que é melhor soletrar logo fim. Personagem ruim. Eu aceno.
Num gesto melodramático, você tira seu anel. Uma vez você me disse que por causa dele nós sempre estaríamos juntos, lembra? Acho que não. Agora ele boia na frieza do seu café, como um Iceberg. Pobre Titanic.
Eu dou um sorriso irônico, porque a cena é digna de um filme. Não ganharia nenhum prêmio, acho, mas levaria a plateia aos risos; ou as lágrimas se o público realmente compreendesse a história.
 Você me pergunta o que eu estou achando tão engraçado.
“Nós” é o que eu penso; “Nada” é o que eu digo.
Você balança a cabeça como se desistisse de entender meu humor inconstante. Assim como quem escrevia nosso conto de fadas (maluco, estranho e malfeito) fez conosco.
Então você pega suas coisas e vai embora. E eu sei que logo mais você vai ligar para todas as suas amigas, para contar como eu sou um insensível e como cometeu um erro quando voltou para mim. Elas vão dizer que eu sou um idiota e que você merece coisa melhor. É verdade, sou mesmo um idiota. E, sim, eu também desejo que você seja feliz e encontre um cara que goste dessa nova “você”.
E eu nunca pensei que fosse dizer isso, mas eu também mereço algo melhor. Eu acho que realmente tive isso um dia, mas, sei lá, no dia seguinte a princesa tinha se transformado numa bruxa. Mas é melhor parar por aqui, porque, na vida real, é você que tem sempre razão. Para você, para os seus “amigos”, e para todo mundo, eu vou ser sempre o vilão.
Eu me levanto e o meu anel faz companhia ao seu. O navio afundou.
Vou embora.
O seu café continua frio e a minha coca-cola quente. Mas um dia as coisas se ajeitam.
Boa sorte. Acho que nós dois vamos precisar.

“É aqui que eu digo fim. Era uma vez, nunca mais.”
— GS.

2 comentários:

  1. Poha san... textinho pra ferra comigo ;c

    mas vamos dar o credito, o autor dele manda muito.. véi parabens XD

    ~~Dan~~

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  2. Caraca, bom demais! Tu escreve pacas, sabe disso, né? Parabéns, ainda vou ter livros teus na minha estante ^^ E bem, meus pêsames, né. Deu pra imaginar a cena, e... not cool. Enfim. Ficou ótimo, de qualquer forma.

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