domingo, 30 de setembro de 2012




— Essa camiseta é minha.
— Cala a boca.
— É sério, ow!
— Quer que eu tire e dê pra você?
— Opa! — não é surpresa nenhuma quando recebo um tapa. — Ai!
— Seu tarado!
— 'Tava brincando... Não posso nem mais brincar?
— Não! Muito menos com coisas assim!
— Por que?
— Porque... Porque eu não gosto, oras.
— 'Tá, parei. E dá pra parar também de drama?
— Não estou sendo dramática.
— Então para de ladainha e vem pra cama logo!
— Quem vê até pensa...
— Pensa o que?
— Nada, deixa pra lá...
— Por que está cheia de enigmas hoje, parando as frase na metade?
— Não estou assim.
— Humm.
— Mm.
— Quem é o cara?
— Que cara?
— O que vinha aqui hoje, mas te deu um bolo?
— Como você sab-Ei, está jogando verde comigo?
— Caiu direitinho. Anda, desembucha: quem é, hein?
— Não tem cara nenhum, era só um amigo...
— Amigo?
— É, Pedro, um amigo!
— Amigo mesmo ou um amigo que pode ser algo mais?
Ela suspira.
— Amigo que eu estava... Conhecendo. Dá pra mudar de assunto, por favor?
— Ah, por que?
— Porque não estou a fim de falar nisso.
— Por que ele te deu um bolo?
— Não, na verdade, eu liguei dizendo que era melhor ele não vir e inventei uma desculpa qualquer.
— Por que?
— Dá pra parar com o lance dos “porque's”
— Não! É a minha vez do interrogatório!
Outro suspiro.
— Certo: cancelei porque não estou pronta para isso ainda.
Isso? Quer dizer, namoro e coisa e tal?
Ela ri.
— É, namoro e coisa e tal.
— Por que? — provoco.
Ela revira os olhos.
— Porque não estou pronta! Tenho outras... Prioridades na minha vida agora.
— Papo de tia encalhada de 40 anos...
— Vai ver, eu acabe mesmo assim.
— Ah, cala a boca, Rafaela! Se você saísse vestida daquele jeito praticamente toda população masculina na rua quebraria o pescoço pra te ver passar...
— Larga de ser exagerado!
— Larga de se fazer de patinho feio e mimimi!
— Então você gostou do vestido?
— É bonito...
— E você quebraria o pescoço para me ver passar? — perguntou, divertida.
— Hãã?
— Você entendeu a pergunta.
— Ah, cara...
— 'Tá vendo como se pega gente na mentira!
— Cala a boca, falei a verdade! Mas... Eu não iria responder porque queria te poupar, afinal você é minha amiga e isso é meio estranho: mas, eu, com certeza, te pegaria. Ei, é sério! Por que você está rindo?
— Porque você é um convencido!
— Eu, convencido?
— É. “Eu, com certeza, te pegaria, Rafa!”. Rá-rá.
— Rá-rá o que?
— Você não faz o meu tipo.
— Não?
— Não.
— E qual é o seu tipo?
— E-eu, ah... Sei lá.
— Não sabe? Então como pode saber que eu não faço o tipo que você não sabe qual é?
— Sabendo, ué.
— Sabe o que eu acho?
— Diga.
— Que você é uma mentirosa horrível!
— E eu acho que você se acha! É um insuportável, metido, arrogante, sabichão, dono da verdade, e o seu sarcasmo me dá nos nervos...
— Hum, e o que mais?
— Odeio você, Pedro.
— Eu amo você, Rafa.
— Ué, por que esse sentimentalismo agora?

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